Às vezes necessito ficar só
Escondido em meu castelo de areia,
Mas quão vã é minha tentativa
Vem-se a maré e afoga-me...
Desmanchada é minha feliz solidão,
E minha angústia se acendeia.
A natureza é por si só
Destruidora dos sonhos frágeis,
Daquelas que borbulham em mentes insanas.
Não insanidade de loucura,
Mas insanidade de poetas como eu
Que vive num mundo de filosofia,
Alegria,
Diversão,
Em que um simples ato,
Um abraço,
Um beijo,
Uma paixão,
Demasiadamente almejados
Não acontecem de fato.
Só resta o meu castelo de areia,
Momento insano para pessoa insana.
Quanto mais me esforço para reconstruí-lo,
Frágil obra na beira da praia,
Sentimentos vêm e vão,
Rápidos como o vento,
E sempre em meu pleno desalento
A maré vem a afogar-me,
Desmanchar minha feliz solidão.
Até que veja um dia,
Secara-se o mar fortaleza minha!
Ventos semíticos sopram do oriente,
Contornam minha construção.
Refresca minh’alma com seu frescor
Explicitando seu fulgor,
E com seu sopro delicado...Derruba meu castelo de areia.